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Como são classificadas as Cidades mais Inteligentes do Mundo


Por Sergio Akio Tanaka

Resumo
 
O crescimento da Tecnologia da Informação e Comunicação afetaram as cidades e o mundo corporativo, de modo a estimular o surgimento de frameworks de arquitetura corporativa para auxiliar a gestão de recursos, a tomada de decisão da organização e a otimização dos processos. Esse estímulo também fez surgir na literatura o termo cidade inteligente, que identifica uma cidade proativa que utiliza das tecnologias para o seu desenvolvimento econômico e sustentabilidade com o meio ambiente e o meio comercial. Contudo, os conceitos encontrados em cidades inteligentes são compatíveis com os conceitos tratados nos frameworks de governança corporativa e arquitetura corporativa. Este trabalho identificou a aplicabilidade dos padrões desenvolvidos pelo meio corporativo para o meio governamental e os frameworks como ferramentas que auxiliam o desenvolvimento próspero e sustentável de cidades inteligentes de acordo com a classificação de um órgão internacional, o Instituto de Estudos Superiores das Empresas Cities in Motion situado em Navarra.
 
1. Introdução

Com o constante crescimento em tamanho e complexidade dos sistemas de informação, surge o conceito de Arquitetura Corporativa (AC), que supre a necessidade de uma construção lógica para controlar as interfaces e integrar componentes dos sistemas da organização (ZACHMAN, 1987).
 
De acordo com Hidayat et al (2014), a AC fornece a gestão de recursos, formulação de estratégias e estruturação de processos que suprem as necessidades e enfrentam desafios que se desenvolveram de acordo com a realidade que está presente nas cidades.
 
A AC, de acordo com Bakar, Harihodin e Kama (2016) consiste no alinhamento da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) com os negócios, utilizando a integração de sistemas de informação, estruturação de informações e processos dentro da organização, com o objetivo de fornecer melhores serviços a organização e as partes interessadas.
 
As TICs, aplicadas a infraestrutura e processos tradicionais das cidades para melhor aproveitamento de capital humano e social e para incentivar a participação pública na administração caracteriza o termo cidade inteligente (RIZZON, 2017), porém, existem diferentes definições e conceitos contidos nessas definições na literatura. A Tabela 1 apresenta, de acordo com Rizzon (2017), essas diferenças encontradas.


Apesar das diferentes definições, é comum encontrar a integração da tecnologia ao ambiente da cidade, a participação proativa do cidadão, e a sustentabilidade econômica e ambiental da cidade.

2. Classificação de Cidades Inteligentes

 
A classificação de cidades inteligentes é realizada pelo projeto desenvolvido pelo Instituto de Estudos Superiores da Empresa (IESE) Cities In Motion Index (CIMI) em parceria com Organização Mundial da Saúde (OMS), o Banco Mundial, Monitor global de empreendedorismo, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) entre outros. 

O projeto tem o intuito de classificar as melhores cidades do mundo que estão aptas para receberem de forma sustentável empreendimentos e investimentos comerciais (IESE, 2017).

Os Critérios avaliados têm suas informações extraídas dos órgãos parceiros do IESE, e são insumos para construção do CIMI, que consiste na representação de 0 a 100 de quão evoluída é a cidade nos conceitos avaliados. Cada critério é multiplicado pelo seu grau de importância para uma cidade para construção do índice, onde a Tabela 2 apresenta esses pesos.



Após a multiplicação da pontuação da cidade em cada critério, é realizada a normalização e a soma desses valores, construindo o CIMI e avaliando o desempenho da cidade. A Tabela 3 apresenta a classificação de desempenho e a Tabela 4 apresenta a classificação das 10 cidades mais inteligentes do mundo.




3. Conclusões

O estabelecimento de padrões e reutilização de soluções se mostrou comum nos frameworks analisados, assim como a constante influência do TOGAF, Zachman Framework e FEAF nesses frameworks. Embora esses frameworks estejam presentes nas cidades inteligentes, não devem ser considerados os responsáveis pela transformação de uma cidade comum à uma cidade inteligente, a mesma medida que apenas as TICs inseridas no ambiente metropolitano não caracteriza uma cidade inteligente.

Com isso, este trabalho concluí que, a transformação de uma cidade comum a uma cidade inteligente, deve ser realizada através de uma governança bem consolidada e alinhada com a gestão de recursos físicos e humanos eficaz, elementos estes que podem ser geridos através de um framework de governança e arquitetura corporativa.

Este trabalho elucida a relação direta entre os elementos e conceitos construídos e reforçados pelos frameworks de arquitetura e governança corporativa com os conceitos analisados pelo órgão classificador em nível global de cidades inteligentes.

O Framework de Arquitetura Corporativa para Interoperabilidade no Apoio à Governança (FACIN), atualmente em desenvolvimento no Brasil, está com a iniciativa de padronização e apoio a interoperabilidade das agências públicas e privadas no país. Esta iniciativa pretende melhorar o aproveitamento de recursos e de esforços utilizados no bom funcionamento do meio governamental e criar um cenário propício para o crescimento das cidades brasileiras nos conceitos de cidades inteligentes, através do incentivo a inovação e investimentos em tecnologias.

Considerando isso, este trabalho conclui que o constante suporte a prestação de serviços ao cidadão, à governança e ao planejamento estratégico presente nos frameworks analisados são ferramentas desejáveis para a gestão do ambiente metropolitano em nível nacional e essenciais para o bom funcionamento das organizações públicas.
 
Referências

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