Outro projeto que
está em pleno andamento no subcomitê de normas internacionais de computação em
nuvem (JTC 1/SC 38) se propõe a estabelecer um entendimento comum sobre os
conceitos de interoperabilidade e portabilidade sob o ponto de vista de
provedores e usuários de serviços de computação em nuvem, identificando as
preocupações mais comuns, as funções e componentes necessários para estabelecer
essas funcionalidades e cria um mapeamento com outros padrões já desenvolvidos
ou em desenvolvimento.
A tarefa mais
difícil, talvez, seja a de definir os TIPOS de interoperabilidade e
portabilidade e seus problemas relacionados, de forma a gerar um entendimento
comum sobre o tema.
De acordo com os
termos já definidos na norma ISO/IEC 17788, a portabilidade de aplicativos de
nuvem é descrita como a "Habilidade de migrar um aplicativo de um serviço
de nuvem para outro serviço de nuvem" enquanto a portabilidade dados de
nuvem é descrita como "Portabilidade de dados de um serviço de nuvem para
outro serviço de nuvem". Já a interoperabilidade é descrita como na
Recomendação ITU-T Y.101: "A habilidade de dois ou mais sistemas ou
aplicativos em trocar informações e utilizar a informação trocada
mutuamente".
Dada a complexidade dessas duas características, esse novo projeto,
em seu primeiro rascunho, define novos termos (em inglês): application behaviour
portability, application instruction portability, application metadata
portability, application syntactic portability, legal and organizational
application portability, legal and organizational interoperability, legal and
organizational data portability, pragmatic data portability, pragmatic
interoperability, semantic data portability, syntactic data portability,
transport interoperability.
No entendimento dos
experts atuantes neste projeto, a interoperabilidade pode cobrir a habilidade
de um cliente de serviços de nuvem em interagir com os serviços de nuvem de
forma pré-definida para a obtenção de um resultado previsível. Pode também
cobrir as propriedades necessárias a uma interação entre a infraestrutura
interna de TI de uma empresa e um provedor de serviços de nuvem ou mesmo a
interação entre dois ou mais provedores de serviços de nuvem. Cada interação
envolve certo nível de troca de informações, com a expectativa de que a
informação intercambiada possa ser usada para gerar resultados desejados. A
análise da complexidade chega a ponto de admitir que, por exemplo, a
interoperabilidade de um serviço de Identidades e Acessos esteja presente e bem
definida, mas a interoperabilidade referente às capacidades de monitoração não
exista pois, provavelmente, estará sendo fornecida por interfaces absolutamente
diversas.
No tocante à
portabilidade, considera-se neste rascunho que não seja um conceito binário no
contexto de que não se pode afirmar categoricamente que serviços, aplicativos
ou dados sejam ou 100% ou 0% portáveis. Uma outra grande questão da
portabilidade se refere ao custo da manutenção desta capacidade: quantos
recursos são necessários para sua implementação? Parte da portabilidade por ser
implementada por frameworks, linguagens mais populares, padrões e ferramentas
comuns, mas a portabilidade do contexto de uso de dados, por exemplo, é algo
muito difícil de implementar e, provavelmente, muito custoso tanto em termos de
investimento na criação e manutenção de metadados assim como no armazenamento
necessário para a manutenção deste tipo de informação pouco utilizada.
Entende-se que, no contexto da computação em nuvem, a portabilidade seja
entendida como a movimentação de aplicativos e/ou dados de um ambiente de
computação em nuvem para outro, com interrupção e impacto mínimos no serviço.
Portabilidade pode também ser entendida como a habilidade de se mover uma
entidade de um sistema a outro de forma que esta entidade possa ser usada no
novo sistema.
Como disse, esse
projeto ainda está em fase de rascunho, assim como o projeto de fluxo de dados
relatado em meu post anterior, portanto ainda há tempo de termos uma
colaboração efetiva dos experts brasileiros com estes grupos.
Se você gosta do
assunto e quiser colaborar com o grupo brasileiro que vai iniciar as discussões
sobres os dois temas, verifique a possibilidade de participar de nossa próxima
reunião no dia 28 de agosto, na sede da ABNT no Rio de Janeiro, das 14:00 às 17:30.
Mesmo que não possa participar presencialmente, podemos avaliar a possiblidade
de abrir o acesso remoto caso haja solicitações para tanto. Se não puder
participar agora mas tiver interesse em se juntar ao grupo, mande e-mail para
mim em fernando.gebara@lucianogebara.com e eu me encarrego de providenciar sua
inclusão no grupo.
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