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XBRL: A nova linguagem contábil




Nos últimos anos, as profissões ligadas às áreas contábil e fiscal têm atravessado profundas mudanças. A convergência das Normas Contábeis Brasileiras aos padrões internacionais de contabilidade(IFRS) vem equalizando a técnica contábil aplicada no Brasil aos padrões mundiais ditados pelo IASB (International Accounting Standards Board). Paralelamente, temos todas as mudanças na forma de comunicação com o fisco via obrigações acessórias digitais, implantadas pelo projeto Sped (Sistema Público de Escrituração Digital).

Por um lado, as áreas fisco-contábeis e de tecnologia da informação têm mais um grande desafio nos próximos anos: dominar a linguagem XBRL (Extensible Business Reporting Language). Por outro lado, trata-se também de uma grande oportunidade de crescimento, porque essa é a linguagem digital dos negócios e já está sendo utilizada em vários países para reporte de demonstrações contábeis, financeiras e gerenciais.

Esse padrão único é um facilitador e ao mesmo tempo uma ferramenta que introduz segurança, dado que a informação reportada é sempre a demonstração original. Mas, como esse padrão pode ser confiável em países diferentes, onde regras e normas técnicas também diferem? A resposta-chave chama-se “taxonomia”. Se você está sendo apresentado a essa palavra agora, pode ter certeza de que em breve ela fará parte de seu vocabulário tanto quanto o Sped – termo que soava estranho há algum tempo, mas que hoje é tão familiar aos profissionais da área quanto o nome do time de futebol preferido.

Voltando à taxonomia, podemos fazer uma analogia livre com o plano referencial da Receita Federal, no sentido de ser um conjunto de padrões que fazem a conversão “demonstração x padrão taxonômico x demonstração digital”. Dessa forma, a mesma demonstração submetida a diferentes padrões taxonômicos resultaria em demonstrações equalizadas com os diferentes padrões de reporte existentes.

No Brasil, os estudos sobre taxonomia tiveram início em 2001 e foram intensificados a partir de 2008 no sentido de viabilizar a introdução do padrão XBRL, com todas as características do país. Hoje a taxonomia pública foi modelada pela Secretaria do Tesouro Nacional para o projeto SICONFI, enquanto que para as empresas em geral, continua em estudo pelo Conselho Federal de Contabilidade. Esse padrão é pré-requisito para a implantação de um dos mais aguardados pontos do projeto Sped, a “Central de Balanços”.

Hoje, o Conselho Federal de Contabilidade é o grande facilitador no desenvolvimento desses estudos, ao lado de instituições que compõem o Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Após a criação de uma jurisdição brasileira – que certamente será convergente a todas as mudanças contábeis citadas anteriormente – os fornecedores de softwares e soluções fisco-contábeis irão incorporar esse padrão, utilizando-o dentro de suas soluções e aplicações, na geração de demonstrações contábeis.

Como já estamos nos habituando a rápidas mudanças, devemos ficar atentos para evitar surpresas de última hora. Há trabalhos em andamento capitaneados pelo XBRL Brasil, que já tem um projeto-piloto em andamento, visando à implantação da “Central de Balanços”, bem como a definição de um padrão de taxonomia brasileiro. Parafreasendo a lei da evolução, ou adaptamos nosso conhecimento com a velocidade das mudanças impostas, ou seremos substituídos por aqueles que conseguirem se adequar às rápidas mudanças do mundo globalizado.
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