Desde o Fórum de
Governança Corporativa, realizado no ano de 2000, no Banco Mundial,
em que o foco principal eram os seus aspectos econômicos e sociais,
fico atento a esse tema. A governança corporativa tem sido debatida
no nível executivo das organizações. As atividades de avaliação,
direcionamento e monitoração do uso dos seus recursos são
orientadas para estabelecer cadeias de responsabilidades e de
autoridades sobre decisões empresariais suportadas por políticas,
práticas e mecanismos capazes de medir e monitorar os efeitos das
decisões.
A governança é,
portanto, uma temática multicisciplinar. Além das questões
econômicas, políticas e normativas, ligadas ao processo decisório,
ela envolve, principalmente, grandes questões comportamentais
relacionadas à participação das pessoas em seus processos.
Não raro, é proposta
a adoção de um framework, com princípios a serem seguidos pelos
gestores e diretores como solução para aplicar, aferir e ajustar os
princípios gerais considerados fundamentais para as boas práticas
da governança corporativa. Assim, é possível estabelecer claras
responsabilidades; conceber estratégias, garantir aquisições
responsáveis, assegurar a conformidade com a legislação. Todavia,
como assegurar o “Comportamento Humano” esperado diante das
evoluções e demandas das pessoas nos processos de gestão,
considerada a sua profunda complexidade? Ou seja, de que maneira se
pode garantir o alinhamento com os interesses da organização dos
aspectos relativos à participação de pessoas, como, transparência,
colaboração, ética, responsabilidade, interesse, valorização?
Controles podem ser estabelecidos, normas podem ser impostas, mas o comportamento das pessoas está ligada a cultura da organização. Uma gestão de conhecimentos consistente que deixe de tratar os servidores como peças de uma engrenagem burocrática, tornando cada um parte da missão institucional e lideranças comprometidas em disseminar valores capazes de resgatar o orgulho do serviço público e de seus agentes, são fatores essenciais para mudança da dimensão humana da Governança Corporativa.
ResponderExcluirCaro Herbert,
ExcluirEsse tema é intrigante mesmo. O antropólogo Bronislaw Malinowski, observa que "Há uma série de fenômenos importantes que não podem ser registrados ou compreendidos, através de documentos quantitativos, mas que devem ser observados em sua plena realidade"... E, ele levanta uma questão interessante, é possível medir as mudanças do comportamento humano? Por ele a resposta a esta pergunta seria não. Eu concordo, pois, só é possível percebê-las de outra forma. Na minha opinião, a Governança Corporativa deveria ter uma perspectiva mais sociotécnica para, então, ter maior abordagem sobre os fatores humanos.